Poucos poemas possuem tanta força e impacto em tão poucos versos quanto Rosa de Hiroshima, de Vinicius de Moraes. Com uma linguagem simples e direta, o poema denuncia os horrores causados pela bomba atômica que devastou a cidade japonesa de Hiroshima em 1945.
O poeta utiliza imagens fortes para retratar os efeitos da explosão, mencionando, por exemplo, “a rosa radioativa” e “a rosa com cirrose”. Com essa construção, Vinicius nos faz visualizar as cicatrizes deixadas na cidade e nas pessoas atingidas pela radiação. Ele não descreve a explosão em si, mas as consequências humanas e emocionais que vieram depois, reforçando a desumanização da guerra.
A metáfora da rosa no poema é marcante e carrega um profundo simbolismo. A bomba, quando explodiu, formou no céu uma coluna de fumaça cujo formato fez o poeta lembrar de uma rosa. No entanto, essa rosa não possuía perfume, vida ou beleza. Era uma antirosa, um símbolo do horror e da destruição, que deixou um rastro de morte e sofrimento. Assim, Vinicius transforma um elemento associado à pureza e ao amor em um símbolo da tragédia nuclear.
Com o lançamento das bombas de Hiroshima e, posteriormente, a de Nagasaki, a humanidade atingiu um poder jamais antes alcançado: o de exterminar a civilização. Tudo isso fruto de avanço tecnológico e retrocesso moral e ético. Hoje, a humanidade flerta ainda mais com a ameaça nuclear. Potências como EUA, Rússia e China possuem um arsenal nuclear muito mais do que suficiente para acabar com a vida na Terra. O poeta faz um apelo, como diz no primeiro verso, para que todos pensem nessa realidade, que paira como uma ameaça sombria sobre a humanidade.
A força de Rosa de Hiroshima se intensificou quando foi musicado pelo grupo Secos & Molhados nos anos 1970. A interpretação marcante de Ney Matogrosso deu uma nova dimensão ao poema, transformando-o em um símbolo ainda mais forte contra a guerra e a violência.
Até hoje, Rosa de Hiroshima continua sendo uma leitura proveitosa para refletirmos sobre as consequências da guerra e a importância da paz. Um poema curto, mas com uma mensagem profunda e importante.