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RESENHA: OTELO, O MOURO DE VENEZA

SOBRE O LIVRO

Otelo, o Mouro de Veneza foi escrito por William Shakespeare por volta de 1603 e é uma de suas tragédias mais marcantes. A peça conta a história de Otelo, um general de origem africana — chamado de “mouro” na época — que serve à República de Veneza. Ele se casa com Desdêmona, uma jovem que o ama de verdade, mas o relacionamento dos dois passa a ser ameaçado por Iago, o ajudante de Otelo, um homem tomado pela inveja e pelo ressentimento.

Iago começa a espalhar mentiras e arma situações para fazer Otelo acreditar que Desdêmona o está traindo. Consumido pelo ciúme e pela desconfiança, Otelo toma decisões trágicas, com consequências irreversíveis.

A peça pertence ao gênero tragédia, que é um tipo de texto teatral em que os personagens enfrentam grandes dificuldades e, geralmente, o final é triste e marcante. Já a comédia, outro gênero muito comum no teatro, apresenta situações mais leves e engraçadas, com finais felizes e cheios de esperança. Shakespeare escreveu obras nos dois estilos, sempre com sensibilidade e profundidade.

O impacto de Otelo continua forte até hoje. A peça ainda é encenada em diversos países e é estudada em escolas e universidades ao redor do mundo. Ao longo dos anos, também foi adaptada para o cinema em diferentes versões, incluindo releituras modernas que mantêm a essência da história.

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POR QUE EU GOSTEI DO LIVRO

No livro de 1 Coríntios, capítulo 13 — uma das passagens mais bonitas da Bíblia — lemos:

“O amor é paciente e bondoso. O amor não é ciumento. Não se gaba, não é orgulhoso, não se comporta de forma indecente, não procura os seus próprios interesses, não se irrita com facilidade, não guarda rancor.”

O trecho bíblico acima foi retirado da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada. Clique na imagem para adquirir gratuitamente essa excelente tradução da Bíblia e ler 1 Coríntios 13 na íntegra.

Ou seja, quem ama, confia. Caso surja alguma dúvida sobre a pessoa amada, o amor verdadeiro evita julgamentos precipitados. Ele oferece o benefício da dúvida e permite que o outro se explique antes de qualquer atitude mais séria.

Nesse sentido, Otelo falhou de forma terrível. Apesar de amar Desdêmona, foi ingênuo ao acreditar em Iago, seu falso amigo — e isso gerou consequências desastrosas. Por isso, gostei do livro: ele mostra o quanto o ciúme pode ser perigoso e destrutivo nos relacionamentos.

Outro motivo que me fez gostar da obra foi a forma como ela trata outros temas importantes, como o impacto do racismo nas relações humanas, os riscos de julgar pelas aparências e o perigo de se deixar manipular. Tudo isso é abordado com muita habilidade e sensiblidade

Além de apresentar temas profundos, Otelo é uma leitura envolvente. A narrativa prende a atenção e nos deixa curiosos para saber o que vai acontecer. Para mim, foi uma ótima experiência de leitura. Recomendo!


TRECHOS DO LIVRO PARA SABOREAR

“Ela me amava pelos perigos por que eu havia passado, e eu a amava por ela ter se compadecido de mim.”
— Um trecho que ressalta o amor que existia entre Otelo e Desdêmona.

“Lamentar um infortúnio que está morto e enterrado é dar o passo certo na direção de atrair para si novo infortúnio (…) Aquele que foi roubado, quando sorri, furta algo do ladrão, e rouba a si mesmo quem se consome em mágoa inútil.”
— Uma reflexão sobre os malefícios de ficar remoendo situações negativas do passado.

“Está em nós ser isso ou aquilo outro. Nossos corpos são jardins, dos quais nossas vontades são os jardineiros.”
— Uma bela metáfora sobre a liberdade que temos de decidir quem queremos ser.

“Reputação, reputação, reputação! Ah, perdi minha reputação! Perdi a única parte imortal do meu ser, e o que resta é bestial.”
“O bom nome de um homem e de uma mulher, meu prezado senhor, é a jóia mais pessoal de suas almas.”
— Fragmentos que mostram a importância de cuidar da nossa reputação.

“Como são pobres os que carecem de paciência! Que ferida alguma vez cicatrizou que não fosse por etapas?”
— Um lembrete sobre o valor da paciência.

“Cássio vai sorrir, e Otelo vai enlouquecer. Seu ciúme ingênuo encarrega-se então de dar sentido aos sorrisos, aos gestos, ao comportamento leviano do pobre Cássio, sentido esse construído sobre bases equivocadas.”
— Otelo pagou caro por sua ingenuidade.

“Depois os senhores devem mencionar este que amou demais, com sabedoria de menos; este que não se deixava levar por sentimentos de ciúme, mas, deixando-se levar por artimanhas alheias, chegou aos extremos de uma mente desnorteada (…)”
— Um reconhecimento tardio do erro, quando já era tarde demais.