Sobre o filme
Conheci o filme de curta-metragem As Mesmas 24 Horas graças à indicação recente de um dos meus alunos do ensino médio. O vídeo, com aproximadamente 11 minutos de duração, foi disponibilizado no YouTube em setembro de 2024 e, segundo os créditos, foi produzido por estudantes do ensino médio de um colégio particular de Salvador, na Bahia.
A história gira em torno de um jovem que vive em uma cidade do interior do estado. Rodeado pela natureza, por relações familiares saudáveis e pela companhia de um bom amigo, ele desfruta de uma vida simples, mas com qualidade. Apesar disso, alimenta no coração o desejo de mudar sua realidade e estudar medicina na capital.
Seu amigo, mais cauteloso, alerta que a vida na cidade grande não é como ele imagina. Fala sobre a competitividade, os laços afetivos mais frios e o individualismo que marcam o cotidiano urbano. Mesmo assim, o protagonista segue em frente com seu sonho. Com muito esforço, alcança o objetivo e se forma médico. Mas, como o amigo havia previsto, o custo é alto: ele se distancia daqueles que realmente gostavam dele e perde parte da qualidade de vida que tinha antes.
O curta tem milhares de visualizações e centenas de comentários no YouTube, sendo, em geral, muito elogiado pelo público.
Por que eu gostei do documentário
O filme me surpreendeu positivamente. Mesmo não sendo uma produção profissional, mas sim escolar, é notável o cuidado com o roteiro, a edição, os diálogos e a trilha sonora. Os estudantes que produziram esse material demonstraram sensibilidade e talento, criando um texto fílmico coerente e com uma mensagem clara.
O documentário trata de temas profundos como desigualdade social, relações familiares, busca por qualidade de vida e a luta para sobreviver em um sistema cada vez mais egoísta e excludente. Entre esses temas, um me chamou especialmente a atenção: a questão da escolha profissional, que costuma gerar tanta ansiedade nos jovens do ensino médio.
Muitos sonham em estudar fora — seja em outra cidade, estado ou até país —, como fez o protagonista. Claro, essa é uma escolha legítima e, para muitos, pode trazer boas oportunidades. Mas o filme nos lembra que decisões assim precisam ser bem pensadas. Aspectos como saúde física e mental, vínculos familiares e qualidade de vida devem entrar na balança, e não apenas questões como prestígio ou retorno financeiro.
É interessante ver que, ao refletir sobre isso, muitos jovens talvez encontrem possibilidades que não exijam mudanças radicais em sua vida. Alguns optam por cursos técnicos ou de nível superior que possam ser feitos em sua região mesmo, outros enxergam oportunidades em negócios da família ou de conhecidos. Cada realidade é única, e toda decisão deve levar em conta o que faz sentido para a vida de cada um. Mas é importante que a decisão seja tomada com base em cuidadosa pesquisa e reflexão, tendo em vista que a escolha de profissão tem impacto duradouro na vida de uma pessoa.
O documentário também lembra a importância de o jovem ouvir quem realmente se importa com ele. Essas pessoas podem ser, por exemplo, pais, familiares ou amigos de confiança. Dessa forma, o jovem pode obter conselhos valiosos — não para decidir por ele, mas para o ajudar a enxergar com mais clareza os caminhos que ele pode percorrer.
Enfim, vale a pena assistir a esse documentário. Simples, bem elaborado e cheio de sentido, ele nos convida a refletir sobre escolhas, sonhos e as reais condições que moldam o nosso tempo e nossas oportunidades.