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Oppenheimer, o “pai da bomba atômica”

Sobre o livro

Oppenheimer – O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano é uma biografia escrita por Kai Bird e Martin J. Sherwin, lançada em 2005, após mais de 20 anos de pesquisas. A obra conta a trajetória de J. Robert Oppenheimer, o físico que liderou o Projeto Manhattan — responsável pela criação da primeira bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. Por esse motivo, ele ficou conhecido como o “pai da bomba atômica”.

Mais do que apresentar um cientista brilhante, o livro revela um ser humano cheio de dilemas, dúvidas e arrependimentos. O título faz referência ao mito de Prometeu, o semideus da mitologia grega que roubou o fogo dos deuses para entregá-lo aos humanos — e foi punido por isso. Da mesma forma, Oppenheimer e sua equipe conseguiu a façanha de liberar a energia do núcleo atômico, mas o resultado desse feito foram terríveis. Desde os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, a humanidade vive sob o medo constante de uma catástrofe nuclear.

A obra recebeu o Prêmio Pulitzer de Biografia em 2006 e é considerada uma das mais importantes publicações sobre ciência, história e ética. Em 2023, o livro serviu de base para o filme Oppenheimer, dirigido por Christopher Nolan, que venceu o Oscar de Melhor Filme.

Uma conexão interessante pode ser feita com o livro Frankenstein, de Mary Shelley — também comentado aqui no Sabores Literários. Assim como o Dr. Frankenstein criou, na ficção científica, algo poderoso e depois teve que lidar com as consequências de sua criação, Oppenheimer, na vida real, ajudou a desenvolver uma arma capaz de destruir o mundo — e se arrependeu profundamente por isso.

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Por que eu gostei do livro

Gostei do livro porque ele nos leva a refletir sobre os riscos de um poder tecnológico que não esteja limitado por valores éticos e morais. Esse é um tema presente desde o século XIX, em obras como Frankenstein, e que ganha nova força aqui. É uma questão extremamente atual. Basta pensarmos no temor de uma guerra nuclear, reacendido por conflitos recentes entre países como Rússia e Ucrânia, Índia e Paquistão, Irã e Israel. Em caso de confronto com armas nucleares, ninguém no planeta estaria a salvo.

Outro exemplo são as novas tecnologias, como as Inteligências Artificiais — ChatGPT, Gemini e outras. São ferramentas fascinantes, mas que também podem representar riscos graves se usadas sem responsabilidade ética. O livro Oppenheimer ajuda a pensar sobre isso.

Também destaco a riqueza histórica e científica da obra. Os autores fizeram um trabalho admirável, reunindo documentos e informações ao longo de décadas. O leitor encontra detalhes sobre física quântica e sobre a Guerra Fria, além de bastidores políticos e científicos do século XX.

Outro aspecto que me chamou a atenção foi a forma como o livro apresenta Oppenheimer: não como herói nem vilão, mas como um ser humano complexo — brilhante, mas também cheio de contradições. A narrativa é envolvente, alternando entre momentos de tensão política, drama pessoal e descobertas científicas. Isso torna a leitura variada e interessante.

O mau uso de inteligências artificiais, como o chatgpt e o gemini, também pode representar uma ameaça para a civilização.

Um ponto que pode dificultar a leitura

O livro é extenso — são cerca de 700 páginas — e traz muitos detalhes sobre a vida pessoal de Oppenheimer, documentos burocráticos, questões jurídicas e debates políticos. Isso pode tornar a leitura um pouco cansativa em alguns trechos.

Por outro lado, esse nível de profundidade é justamente uma das grandes qualidades da obra. Com paciência, o leitor é recompensado com reflexões valiosas sobre ciência, ética, e as ameaças que ainda rondam o mundo atual. Há também explicações bem acessíveis sobre temas como física nuclear e física quântica.

Recomendo esse livro!

Temas e trechos do livro para saborear

1. O Prometeu Americano: o homem que deu à humanidade o fogo atômico

Assim como o semideus Prometeu da mitologia grega, Oppenheimer trouxe à humanidade algo grandioso e perigoso: a energia atômica. Mas, assim como no mito, ele enfrentou as consequências do poder que ajudou a liberar.

“Como o semideus rebelde da mitologia grega chamado Prometeu, que roubou o fogo de Zeus e o entregou à humanidade, Oppenheimer deu para a civilização o fogo atômico. Contudo, quando tentou controlá-lo, quando buscou nos dar consciência dos terríveis perigos que esse fogo representava, os poderes maiores, como Zeus, se ergueram em ira para puni-lo.”

“Outros o conheciam como o grande físico, um homem que em 1945 se tornara o ‘pai’ da bomba atômica, um herói nacional e emblema do cientista como servidor público. E todos se lembravam com grande amargura de como, apenas nove anos depois disso, o novo governo republicano do presidente Dwight D. Eisenhower o declarara um risco de segurança nacional […]. Assim, todos chegaram com o coração pesado para relembrar um homem brilhante, cuja vida extraordinária fora tocada tanto pelo triunfo quanto pela tragédia.”


O livro faz uma conexão entre Oppenheimer e prometeu,
da mitologia grega

2. O lado humano de Oppenheimer

Por trás do físico brilhante havia um homem sensível, com interesses que iam da física quântica à literatura russa. Ele amava discutir Tolstói e Dostoiévski, revelando que o gênio da ciência também apreciava a arte, inclusive a arte literária.

“Eu era um garoto meloso, repulsivamente bonzinho”, recordou Robert. “Minha vida quando criança não me preparou para o fato de que o mundo está cheio de crueldade e amargura.”

“Nos últimos meses, ele vinha lendo muita literatura francesa e russa e, enquanto passeava com os amigos pelas montanhas, adorava discutir com Edsall sobre os méritos relativos de Dostoiévski e Tolstói. […] ‘Gosto mais de Tolstói.’ Oppenheimer retrucou: ‘Não, não, Dostoiévski é superior. Ele alcança a alma atormentada do homem.’”

“Em poucas palavras, a física quântica é o estudo das leis que se aplicam ao comportamento de fenômenos em escala muito pequena, a escala das moléculas e dos átomos. A teoria quântica logo substituiria a física clássica no estudo de fenômenos subatômicos, tais como um elétron orbitando em torno do núcleo de um átomo de hidrogênio.”


Os estudos de Oppenheimer ajudaram a consolidar a física quântica como uma importante área dos estudos científicos.

3. Buracos negros, bombas e descobertas

Antes mesmo da bomba, Oppenheimer já estava na vanguarda de descobertas científicas, como as teorias sobre buracos negros — conceitos que, na época, eram quase ficção científica.

“Eles começam o artigo indagando o que aconteceria com uma estrela maciça que tivesse começado a queimar a si mesma, uma vez esgotado seu combustível. Os cálculos de ambos sugeriam que […] ela continuaria a se contrair indefinidamente sob a força de sua própria gravidade. Tomando por base a teoria da relatividade geral de Einstein, eles argumentaram que essa estrela seria esmagada com tal ‘singularidade’ que nem mesmo ondas de luz conseguiriam escapar da atração de sua intensa gravidade. Vista de longe, a estrela literalmente desapareceria, isolando-se do restante do universo. ‘Persistiria apenas seu campo gravitacional’, escreveram Oppenheimer e Snyder, isto é, se tornaria um buraco negro — embora eles próprios não tenham usado esse termo. Era uma ideia estranha, mas intrigante. O artigo foi ignorado, e seus cálculos foram, durante muito tempo, encarados como mera curiosidade matemática.”

“Oppenheimer e muitos outros físicos em todo o país já sabiam desde fevereiro de 1939 que a construção de uma bomba atômica era uma possibilidade real.”


Oppenheimer foi um dos pioneiros na teoria dos buracos negros.

4. A corrida contra o tempo

O Projeto Manhattan foi movido por um medo intenso: o de que os nazistas desenvolvessem a bomba antes dos Estados Unidos.

“Apenas uma coisa importava para Oppenheimer: construir a arma antes dos nazistas.”

“Muitos de nós pensávamos: ‘Meu Deus, que situação é trazer uma arma como esta [ao mundo]; ela pode acabar explodindo tudo’”, disse Lomanitz. “Alguns de nós levamos essa preocupação a Oppenheimer, que basicamente respondeu: ‘E se os nazistas a conseguirem antes?’”

“Tudo no projeto era carregado de contradições. Eles estavam construindo uma arma de destruição em massa que derrotaria o fascismo e acabaria com todas as guerras — mas que também poderia acabar com toda a civilização.”


5. Uma arma para acabar com todas as guerras?

Para alguns, a bomba era um “mal necessário” que poderia trazer paz ao mundo. Outros viam nela um verdadeiro “Frankenstein”, capaz de devorar toda a humanidade. O fato é que a esperança de Oppenheimer se mostrou uma enorme ilusão: o uso da bomba atômica durante a segunda guerra mundial não trouxe paz para o mundo. Muito pelo contrário!

“Na ocasião, Oppenheimer argumentou com sua habitual eloquência que, embora estivessem todos destinados a viver em perpétuo medo, a bomba poderia também acabar com todas as guerras. Essa esperança, fazendo eco às palavras de Bohr, foi persuasiva para muitos dos cientistas ali reunidos.”

“Oppenheimer e os demais cientistas ficaram portanto tranquilizados ao ouvi-lo dizer que ele e outros membros do Comitê Interino não encaravam a bomba ‘apenas como uma nova arma, mas como uma revolucionária mudança nas relações do homem com o Universo’. A bomba atômica poderia se tornar ‘um Frankenstein capaz de nos devorar a todos’ ou poderia garantir a paz mundial.’.”

“Ele fora convencido de que o uso militar imediato da bomba acabaria de vez com todas as guerras.”


Guerras como as da Ucrânia, Oriente Médio e África mostram que a bomba atômica não trouxe paz — pelo contrário.

6. Quando a culpa explode: remorso, tragédia e o peso da destruição

Após Hiroshima e Nagasaki, o peso do que havia sido criado caiu sobre Oppenheimer e sua equipe. A euforia da vitória deu lugar a um silêncio melancólico e a um sentimento de culpa quase insuportável.

“Depois de Hiroshima, a maioria das pessoas no planalto experimentou, compreensivelmente, ao menos um momento de euforia. Todavia, depois das notícias de Nagasaki, observou Charlotte Serber, uma sensação palpável de sombria melancolia pairou no laboratório.”

“No fim de semana subsequente ao bombardeio de Nagasaki, Ernest Lawrence chegou a Los Alamos. Encontrou Oppenheimer exausto, taciturno e cheio de remorsos pelo que tinha acontecido.”

“A enormidade do que tinha acontecido em Hiroshima e Nagasaki o afetara profundamente. Morrison havia aterrissado em Hiroshima apenas 31 dias depois de o Enola Gay despejar sua carga mortal. ‘Praticamente todo mundo num raio de mais ou menos dois quilômetros foi imediata e gravemente queimado pelo calor da bomba’, disse. ‘O clarão quente queimou de forma súbita e estranha. Eles [os japoneses] nos contaram sobre pessoas que estavam usando roupas listradas e ficaram com a pele queimada em forma de listras. Houve muitos que pensaram ter tido sorte, que se arrastaram para fora das ruínas de suas casas apenas ligeiramente feridos. Ainda assim, morreram. Morreram dias ou semanas depois, por conta da radiação emitida em grandes quantidades no momento da explosão.’”

“Ali embaixo estava o terreno plano do que havia sido uma cidade, chamuscado de vermelho. […] Aquele, no entanto, não era o resultado de um bombardeio feito por centenas de aviões durante uma longa noite. Na verdade, um único bombardeiro e uma única bomba tinham […] transformado uma cidade de 300 mil habitantes numa grande pira. Essa era a novidade.”

“‘Senhor presidente’, disse ele em voz baixa, ‘sinto que tenho sangue nas mãos’.”

“A consciência pesada dos cientistas por trás da bomba atômica é uma das coisas mais estarrecedoras que já vi.”


Após as explosões no Japão, muitos cientistas se arrependeram profundamente.

7. O cientista arrependido: alertas, reflexões e críticas sobre o poder atômico

Movido pela culpa, Oppenheimer passou a alertar sobre os perigos da era nuclear. Ele se tornou uma voz crítica, questionando se a ciência — sem ética — seria realmente um benefício para a humanidade.

“Oppenheimer tentou valentemente nos desviar dessa cultura da bomba por meio da contenção da ameaça nuclear que ajudou a liberar.”

“Robert Oppenheimer passara a ser uma celebridade, conhecido por milhões de norte-americanos. Fotografias de seus traços cinzelados apareciam nas capas de revistas e em outros periódicos por todo o país. As realizações dele tinham se tornado sinônimo de realizações de toda a ciência.”

“Em pouco tempo, ele começou a tornar públicas suas reflexões. ‘Construímos uma arma terrível’, disse a uma plateia na Sociedade Filosófica Americana, ‘que alterou de maneira abrupta e profunda a natureza do mundo […] uma arma diabólica, por todos os padrões do mundo em que crescemos. E, ao fazer isso […], levantamos novamente a questão de se a ciência é algo bom para o homem.’”

“Ele já fizera essa observação num discurso em Los Alamos, mas publicá-lo em 1946 era uma admissão extraordinária. Menos de um ano depois dos acontecimentos de agosto de 1945, o mesmo homem que instruíra os bombardeiros sobre como lançar as bombas no centro de duas cidades japonesas tinha chegado à conclusão de que apoiara o uso de armas atômicas contra ‘um inimigo essencialmente derrotado’. Essa constatação pesava muito sobre ele.”

“Indagado numa audiência fechada do Senado ‘se três ou quatro homens poderiam eventualmente contrabandear unidades de uma bomba [atômica] para Nova York e explodir a cidade’, Oppenheimer respondeu: ‘É claro que sim, e Nova York poderia ser destruída.’”

“Em agosto de 1945, argumentava Blackett, os japoneses estavam praticamente derrotados; as bombas atômicas, na verdade, só tinham sido usadas para impedir uma participação soviética na ocupação do Japão no pós-guerra. […].”

“Oppie se tornara rapidamente uma pessoa bem informada sobre a política em Washington: um cooperativo e focado apoiador do governo, guiado pela esperança e sustentado pela ingenuidade.”


8. Superbombas e o risco global: Oppenheimer, a corrida armamentista e o sonho de um mundo mais seguro

Oppenheimer lutou contra a criação da bomba de hidrogênio, ainda mais destrutiva, e defendeu um controle internacional. Mas suas previsões sobre a escalada da corrida armamentista se mostraram assustadoramente corretas.

“Oppenheimer acreditava que, no longo prazo, ‘sem um governo mundial não poderia haver paz permanente, e que sem isso sobreviria uma guerra atômica’.”

“‘O que vamos fazer se esse esforço de controle internacional fracassar?’ Oppie apontou para a janela e respondeu: ‘Bem, podemos apreciar a vista… enquanto ela durar.’”

“Profundamente perturbado pelas implicações éticas de uma arma milhares de vezes mais destrutiva que as bombas de Hiroshima e Nagasaki, Oppie esperava que a construção da superbomba se revelasse tecnicamente inviável. Muito mais terrível que a bomba atômica (uma arma de fissão), a superbomba (de fusão), ou seja bombas de hidrogênio, termonucleares,  com certeza faria escalar a corrida armamentista nuclear. A física da fusão emulava as reações que ocorrem no interior do Sol, o que significava que as explosões de fusão não tinham limites físicos.”

“Armado com superbombas, um único avião mataria milhões de pessoas em questão de minutos. Seria um artefato grande demais para qualquer alvo militar conhecido — era, portanto, uma arma de assassinato em massa, indiscriminado.” ( Infelizmente, o mundo atualmente possui milhares de artefatos nucleares, sendo que a maioria são superbombas.

“‘Sentimos que o desenvolvimento [da bomba de hidrogênio] não deve ser levado a cabo basicamente porque achamos melhor sofrer uma derrota na guerra do que obter uma vitória ao custo do enorme desastre humano que seria causado por usá-la.’”

“Todos concordavam que armas que pudessem aniquilar a vida na Terra não podiam ser discutidas num vácuo de política militar. Considerações morais eram tão importantes quanto avaliações técnicas.”

“Oppenheimer temia que a superbomba fosse grande demais — ou, em outras palavras, que qualquer alvo militar legítimo para um dispositivo termonuclear fosse ‘demasiado pequeno’. Se a bomba de Hiroshima envolvia uma carga explosiva equivalente a 15 mil toneladas de TNT, uma bomba termonuclear, caso viabilizada, poderia explodir com a força de 100 milhões de toneladas.


Existem, na atualidade milhares de bombas de hidrogênio, ou seja, superbombas, estocadas por várias nações. Isso representa uma grave ameaça para a existência da humanidade.

9. De herói nacional a inimigo do Estado

Ao se opor à corrida armamentista, Oppenheimer enfrentou poderosos inimigos políticos e se tornou vítima da paranoia da Guerra Fria.

“Seu compromisso em frear uma corrida descontrolada de armas nucleares lhe valeu poderosos inimigos entre os burocratas. Como disse seu amigo Rabi, além de ‘muito sábio, ele era muito tolo’.”

“‘Ele havia sido um dos homens mais famosos do mundo, um dos mais admirados, citados, fotografados, consultados, glorificados, quase endeusado como o fabuloso e fascinante arquétipo de um novo tipo de herói, o herói da ciência e do intelecto, originador e símbolo vivo da nova era atômica. Então, de repente, toda a glória havia desaparecido, assim como ele próprio.’”

“Depois de Einstein, Oppenheimer era, sem dúvida, o cientista mais renomado do país, numa época em que os cientistas tinham passado a ser vistos como modelos de sabedoria.”


10. O que restará da humanidade?

As reflexões de Oppenheimer permanecem atuais, como um alerta para a humanidade sobre os riscos da tecnologia sem valores morais.

“As histórias que contaram deixam um detalhado retrato de um homem notável, que nos fez entrar na era nuclear e lutou, sem sucesso — como nós continuamos lutando —, para encontrar um meio de eliminar o perigo da guerra nuclear.”

“Com o fim da Guerra Fria, o perigo de aniquilação nuclear pareceu superado, mas, em outra reviravolta irônica do destino, essa ameaça é provavelmente mais iminente no século XXI do que jamais foi.”

“A única defesa contra o terrorismo nuclear era a eliminação das armas nucleares.”

“‘Sobre ninguém’, disse Kennan, ‘jamais recaíram com maior crueldade os dilemas evocados pela recente conquista por parte dos seres humanos de um poder sobre a natureza acima de qualquer proporção relativa à sua força moral. No entanto, nunca houve quem desejasse mais apaixonadamente ser útil no sentido de evitar as catástrofes às quais o desenvolvimento dessas armas de destruição em massa ameaçava conduzir.’”

“‘Este é um mundo’, disse ele, ‘no qual cada um de nós, ciente das próprias limitações, ciente dos males da superficialidade, terá que se apegar àquilo que lhe é próximo, àquilo que conhece, àquilo que pode fazer, aos amigos, à tradição e ao amor, de modo a não ser dissolvido numa confusão universal de nada saber e nada amar.’”

“Sem dúvida podemos destruir o suficiente da humanidade para que apenas o maior ato de fé possa nos persuadir de que o que restar ainda será humano.”

“‘O que concluir de uma civilização que sempre encarou a ética como parte essencial da vida humana’, indagou ele, mas ‘que não tem sido capaz de falar sobre a perspectiva de matar quase toda a humanidade exceto em termos de prudência e da teoria dos jogos?’”

“‘O mundo perdeu um nobre espírito — um gênio que reuniu poesia e ciência.’”