
SOBRE O LIVRO
O Fantasma da Ópera, publicado pela primeira vez em 1910, é uma obra-prima do escritor francês Gaston Leroux. Ambientado na Ópera Garnier, em Paris, o romance combina elementos de romance, suspense e terror. Apesar do título, o livro não aborda o mundo dos espíritos ou eventos sobrenaturais. O “fantasma” é, na verdade, Erik, um homem enigmático e solitário com o rosto deformado, que vive nos subterrâneos da ópera. Ele cultiva a lenda de um espírito assombrando o local através de truques engenhosos, passagens secretas, efeitos sonoros e jogos de luzes.
Por causa de sua deformidade, Erik sofre rejeição social, o que o leva a viver recluso e a se tornar amargurado. Sua obsessão por Christine Daaé, uma jovem e talentosa cantora, desencadeia uma série de eventos marcados por temas como amor, solidão e a busca por aceitação. O Fantasma da Ópera é amplamente elogiado pelo público e pela crítica pela atmosfera sombria e pela riqueza com que retrata o cenário parisiense do final do século XIX.
O livro também se tornou um marco cultural com diversas adaptações para o cinema e o teatro, o que aumentou significativamente sua popularidade. Entre as mais famosas está o musical de Andrew Lloyd Webber, estreado em 1986, que se tornou uma das produções teatrais mais duradouras da história. Esse musical ficou em cartaz por 35 anos na Broadway e foi apresentado em dezenas de países, inclusive no Brasil. Destaca-se a música All I Ask of You, que ganhou uma versão em português intitulada Tudo o Que Se Quer, interpretada por Emílio Santiago e Verônica Sabino. Essa versão fez enorme sucesso no Brasil nos anos 1980, sendo lembrada até hoje por sua melodia suave e romântica. (Em breve, farei um post sobre essa belíssima música!) Entre as adaptações cinematográficas, merece destaque a versão clássica de 1925, com Lon Chaney, e a adaptação de 2004, dirigida por Joel Schumacher.

POR QUE EU GOSTEI DO LIVRO
A leitura é surpreendente, com uma atmosfera de mistério e terror, pontuada por momentos de humor e um toque de romance. É também uma excelente janela para o contexto cultural e histórico da Europa do século XIX, especialmente da França.
Os diálogos são bem elaborados, e os personagens, especialmente os principais, possuem uma profundidade psicológica notável. O narrador nos envolve em seus pensamentos, incertezas, angústias, alegrias e tristezas, criando um sentimento de empatia pelos personagens. Como não se comover, por exemplo, com as decepções e angústias de Erik e os sofrimentos amorosos de Raoul ou sentir as aflições da jovem Christine?
O livro também transmite lições valiosas, por exemplo, a de que a aparência física não define o valor de uma pessoa. Infelizmente, é um erro muito comum entre nós, seres humanos, julgar outros pelos seus atributos físicos. Isso me lembrou uma passagem da Bíblia em 1 Samuel 16:7: “Porque Deus não vê como o homem vê; o homem vê a aparência, mas Jeová vê o coração” (Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada). A rejeição social que Erik enfrentou por conta de sua aparência contribuiu para que ele se tornasse uma figura sombria e amargurada.
Além disso, o livro ensina sobre o valor da consciência e o arrependimento. Erik cometeu erros graves, mas, no final, tentou redimir-se, mostrando que todos podemos buscar o bem. Há também episódios comoventes, como quando Erik finalmente recebe um pouco de afeto e revela as coisas boas que ainda estavam em seu coração. A lição é clara: devemos tratar a todos com dignidade, independentemente da condição de cada um.
Assim, recomendo a leitura de O Fantasma da Ópera. É uma narrativa envolvente, repleta de suspense, mistério, aventura, um toque de humor, e que ensina lições importantes. Vale a pena ler!
TRECHOS DO LIVRO PARA SABOREAR
“A aparência grotesca de Erik fez com que fosse rejeitado por todos e procurasse por um abrigo distante da sociedade. O isolamento acabou por levar também sua alma em direção às trevas, sendo que a única luz que permaneceu acesa para guiá-lo em algum caminho belo era o da música – a música que saía de suas cordas vocais, a música que encantava multidões no Garnier –, além do vinho, pois a adega com crus franceses evidencia seu bom gosto para a bebida.”
(Comentário do jornalista Rodrigo Casarin retirado do texto de apresentação da edição do livro publicado no Brasil pela editora Clássicos Zaar)
“Pobre e infeliz Erik! Devemos lastimá-lo? Amaldiçoá-lo? Ele só pedia para ser alguém como todo mundo! Mas era demasiado feio! E foi obrigado a esconder seu gênio ou usá-lo para executar truques, ao passo que, com um rosto comum, teria sido um dos mais nobres da raça humana! Possuía um coração no qual cabia o império do mundo e no fim viu-se obrigado a se contentar com um porão.”
“Sim, embora tivesse o aspecto de um verdadeiro fantasma, isto é, de uma sombra, ele foi todo carne e osso.”