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Opinião: o perigo de escolher não saber

REFERÊNCIA DO ARTIGO

Guzzo, J. R. Analfabetos Voluntários. Revista VEJA – Edição 2377 – Ano 47 – nº 24 – 11 de junho de 2014, páginas 100-101 (edição impressa).


RESUMO DO ARTIGO

No artigo Analfabetos Voluntários, o jornalista J. R. Guzzo fala sobre pessoas que sabem ler e escrever, mas que escolheram não fazer mais isso. Para ele, quem nunca lê livros ou textos mais longos, e só escreve mensagens curtas com símbolos e abreviações, se parece muito com quem nunca aprendeu a ler de verdade, ou seja, com um “analfabeto puro, simples e legítimo”.

Guzzo diz que não adianta ter diploma, saber usar celular moderno ou ter muitos seguidores nas redes sociais, se a pessoa evita ler e escrever. Ele critica o costume atual de achar que ler é chato e escrever é perda de tempo. Para o autor, esse comportamento empobrece a forma como as pessoas pensam, se expressam e aprendem.

Ele também lembra que temos o direito de não ler, mas que isso é uma escolha ruim, pois nos afasta de grandes ideias, sentimentos e aprendizados deixados por escritores como Victor Hugo, Shakespeare e Charles Dickens. Guzzo alerta que, ao recusar a leitura, as pessoas acabam perdendo muito — sem ganhar nada no lugar.

Para o autor, quem vive no celular e nunca lê ou escreve textos mais longos é, na prática, um analfabeto — mesmo sabendo ler e escrever.

POR QUE EU GOSTEI DO ARTIGO

Recentemente, uma aluna do ensino médio me contou que esse texto foi um verdadeiro “tapa na cara” — no bom sentido. Ela se sentiu provocada, despertada para a necessidade de rever seus hábitos de leitura. E é justamente esse o grande mérito do artigo: ele funciona como um “sacode” necessário, uma chamada de atenção que nos convida a refletir sobre o espaço (ou a falta dele) que temos dado à leitura em nossas vidas.

O autor é direto ao afirmar que não adianta saber ler e escrever se esses conhecimentos não são usados. Se alguém passa o dia todo nas redes sociais, lendo apenas frases curtas ou consumindo conteúdos rasos, sem nunca se aprofundar em temas mais profundos, acaba, de certo modo, vivendo como um “analfabeto voluntário”. A leitura exige tempo, paciência, curiosidade — e nos oferece, em troca, crescimento pessoal, reflexão, sensibilidade e capacidade crítica.

A leitura de bons livros amplia nossos horizontes intelectuais.

Outro ponto que me chamou atenção foi a valorização dos grandes autores da literatura. Victor Hugo, Shakespeare, Balzac, Agatha Christie e tantos outros escreveram obras que resistiram à passagem do tempo porque souberam expressar com talento e profundidade questões humanas que continuam atuais. Por isso, é importante valorizá-las. Naturalmente, incluo nessa lista de obras que merecem nossa atenção aquela que é considerada o clássico dos clássicos, a Bíblia Sagrada.

Vale a pena conhecer autores clássicos como Charles Dickens e Jane Austen.

Eu não acho que uma pessoa deva se sentir obrigada a ler um livro apenas por ser um clássico. Antes de iniciar a leitura de uma obra consagrada, é importante avaliar se aquele livro dialoga com seus valores, interesses e preferências. Por exemplo, há clássicos do gênero terror que, embora sejam reconhecidos por sua qualidade literária, não são proveitosos para aqueles que não gostam desse tipo de narrativa. Ainda assim, acredito que certos clássicos — pela riqueza de ideias,  contribuição cultural e as lições que ensinam — merecem sim fazer parte do nosso repertório. Abrir um espaço em nossas vidas para essas obras é uma forma de ampliar a visão de mundo e de entrar em contato com experiências humanas profundas e universais.

Portanto, Recomendo fortemente a leitura do artigo Analfabetos Voluntários. É um texto pequeno, mas impactante. Costumo discutir esse texto com meus alunos do ensino médio, e o resultado é sempre positivo. O texto mexe com a gente, nos tira da zona de conforto. E, às vezes, é disso que precisamos para dar novos passos em nossa jornada de leitura.

TRECHOS DO ARTIGO PARA SABOREAR

Caso você esteja entre a multidão que nunca lê um livro, ou uma frase com mais de 140 toques, e nunca escreve nada mais longo do que isso, aqui vai uma notícia interessante: você é um analfabeto

Eis aí mais um fenômeno da vida moderna: a universalização da ignorância. […] ou seja, os que têm conhecimento vão ficando cada vez mais parecidos com os que não têm.

Privar-se, por livre e espontânea vontade, do que escreveram Machado de Assis, Charles DickensVictor Hugo, ou Balzac, numa sucessão de gênios que passa de 100, talvez 200 nomes – é um desperdício que mete medo.

Shakespeare, que escreveu há 500 anos, continua sendo o autor mais representado, até hoje, em teatros de todo o mundo […] Vendeu tantos livros que não cabe nas listas de best-sellers de “todos os tempos” – calcula-se que tenha vendido entre 2 e 4 bilhões de exemplares, seguido de perto pela rainha das histórias de mistério, Agatha Christie

Será que toda essa gente estava errada, e que só agora, depois da vinda ao mundo do iPhone, a humanidade começou, enfim, a entrar no caminho correto, dispensando-se da ultrapassada tarefa de ler? Será que abolir da vida a imaginação e a curiosidade, como tanta gente está fazendo, torna as pessoas mais inteligentes, produtivas ou eficazes?

Todas as vezes em que você perceber que está ao lado da maioria, é hora de fazer uma pausa e pensar um pouco.